Desde agosto de 2020, publicações recomendando a troca de escovas de dentes para os pacientes que tiveram Covid-19 foram compartilhadas mais de 129 mil vezes, alegando o risco de reinfecção. No entanto, a recomendação não é baseada em evidências científicas.

 O paciente que teve covid-19 já criou os anticorpos do tipo IgG. Este paciente pode, sim, evoluir para uma infecção bacteriana, devido à sua condição de saúde, e não pela escova de dente, uma vez que o coronavírus não sobrevive na escova dental a ponto de causar uma reinfecção. Além disso, a simples escovação com pasta de dentes eliminaria o vírus das cerdas da escova.

Vale ressaltar que os cuidados com a higiene dental são indispensáveis, independente da doença. A cavidade oral é a porta de entrada para várias infecções, então gengiva e dentes sempre precisam estar bem cuidados. O SARS-CoV-2 tem uma forte ligação com tecidos da mucosa oral, com a saliva e com a gengiva, portanto, quando uma pessoa está contaminada, a sua escova e a sua pasta dental devem ser separadas do restante da família, no intuito de evitar uma contaminação cruzada com os demais integrantes da família.

 Esse cuidado deve se estender a outros itens de higiene e a utensílios de uso pessoal, como talheres e roupas de cama e banho. Mas, após a fase aguda da doença, o paciente não precisa, obrigatoriamente, trocar a escova de dente.

Entretanto, em caso de internação, quando o paciente tem alta hospitalar, a escova e a pasta dental são desprezadas pelo risco de contaminação hospitalar.

É de bom tom que realmente tudo seja trocado quando se está com uma doença infectocontagiosa, mas por uma questão de higiene. De maneira geral, é recomendado, contudo, que todas as pessoas troquem suas escovas de dente após dois a três meses de uso, ou antes, disso, caso as cerdas apresentem alguma deformação ou mudança de cor.

O que precisa ficar claro é que esses cuidados devem aumentar em qualquer circunstância que baixe a imunidade do paciente. A troca da escova de dente e dos aparatos de higiene tem que ser feita independente de se estar ou não com covid-19.

Dra. Marina Xavier Pisani de Souza

Cirurgiã Dentista pela USP Ribeirão Preto;
Especialista em Prótese Dentária com Mestrado (USP Ribeirão Preto);
Doutorado em Reabilitação Oral (Universidade Mcgill, Canadá);
Pós-Doutorado em Odontologia (UNICAMP);
Atuação em Clínica, Ensino e Pesquisa na Área Odontológica e Autora de Diversos Artigos Publicados em Importantes Periódicos Nacionais e Internacionais.

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