Os olhos são responsáveis por quase 90% da interação do homem com o ambiente que o cerca. Sendo assim, é natural que o homem tenha o instinto de proteger os próprios olhos em situações de risco, correto? Errado! O Conselho Brasileiro de Oftalmologia estima em mais de 150 mil casos anuais de acidentes oculares relacionados ao trabalho.
Segundo a Previdência Social, o olho é a quinta região mais acometida por acidentes de trabalho, atrás de joelho, pés, mãos e dedos. As lesões mais frequentes são presença de corpo estranho, queimaduras, contusões, perfurações e conjuntivite alérgica. Estima-se que até 90% das lesões oculares por acidentes de trabalho possam ser evitadas com medidas simples, como o uso de óculos de proteção. Cabe ao empregador fornecer este equipamento, informar sobre sua importância e implementar medidas para sua correta utilização.
As características dos óculos de proteção variam de acordo com a atividade profissional exercida. Algumas vezes, em trabalhadores que necessitam usar óculos para corrigir a visão, pode ser possível fabricar os óculos de proteção já com o grau correto para eles. Aqui cabe uma observação pessoal: muitas vezes estes trabalhadores retornam em consulta para se queixar de que os óculos de proteção que são obrigados a utilizar apresentam uma qualidade visual muito ruim. O que costumo orientar é que nestes casos, uma conversa com o médico do trabalho pode avaliar se é possível usar óculos de proteção que se sobreponham aos óculos do próprio trabalhador.
Como orientações gerais para vítimas de acidentes oculares podemos deixar:
- em casos de contato dos olhos com produtos químicos, lave os olhos com água limpa em abundância,
- colírios anestésicos só podem ser aplicados por profissionais habilitados e jamais devem ficar ao alcance dos pacientes,
- não se deve fazer compressão do olho até que seja feita uma avaliação profissional e se tenha um diagnóstico,
- o curativo provisório é importante em casos de lesão ou perfuração, devendo proteger o olho sem comprimi-lo,
- não se deve tentar retirar qualquer corpo estranho do olho antes de avaliação especializada,
- não se deve coçar os olhos para não piorar o problema,
- não se automedique, não reutilize colírios previamente utilizados e não espere para ver se haverá melhora espontânea. Geralmente um acidente envolve o risco de sequelas ou mesmo infecções oculares ou generalizadas,
- de maneira geral, a busca por atendimento oftalmológico é indispensável e não deve ser adiada. Quanto antes um especialista puder avaliar, melhores as chances de uma recuperação mais rápida e com menos consequências.