sábado, 20 Abr , 2024
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Três gerações de muita dedicação, conhecimento e amor à Medicina e aos pacientes

há 2 anos

Amigos leitores. Com muita honra a Evidência Revista deste mês de novembro destaca uma das famílias mais tradicionais na Medicina rio-pardense, a família Teixeira, que orgulha-se em estar na 3ª geração de médicos.

A entrevista abordará um pouco da carreira dos médicos Antônio Teixeira Filho, Antônio Roberto Franchi Teixeira, Herbert Braz Medeiros Angreghetto, Roberto Franchi Teixeira Andreghetto, Herbert Franchi Andreghetto e Letícia Andreghetto, além de alguns momentos especiais da carreira de cada um.

Muitas emoções e homenagens também farão parte da reportagem, entre elas ao saudoso Dr. Ângelo Eliseu Franchi, mais conhecido como Dr. Jacó, que foi o primeiro médico de Divinolândia. Formado em 1934, ele foi o precursor da Medicina na família, sendo um grande exemplo de humanidade em uma época em que era muito mais difícil fazer Medicina do que atualmente.

Curiosamente, o Dr. Jacó fez o parto do querido Dr. Teixeira. Décadas mais tarde foi a vez do Dr. Herbert Andreghetto fazer o parto dos três filhos, com a participação do sogro.

Teixeira tem Dr. Jacó como um dos maiores profissionais da Medicina que já conheceu, sendo uma de suas inspirações para também cursar Medicina, ‘agregando’, como costuma dizer carinhosamente seu genro, Herbert, além do filho Antônio Roberto e agora os netos Roberto e Herbert, bem como Letícia, casada com Roberto.

E para quem imagina que Dr. Teixeira é somente uma fonte inesgotável de conhecimento e experiência para os demais médicos da família, se engana. “Somos uma equipe. Trabalhamos em parceria e eu aprendo e continuarei aprendendo com cada um, cada qual me proporcionando o seu conhecimento”, disse Teixeira, sempre com muita humildade.

E, ao que parece, a medicina em família crescerá em breve. Elisa, filha de Antônio Roberto, também prestará vestibular neste ano. “É uma grande felicidade e honra podermos trabalhar e dividir conhecimentos juntos, em família. E que assim perdura para as próximas gerações, como, aliás, já está acontecendo”, afirmou Dr. Teixeira.

 

Herbert Braz Medeiros Andreghetto, médico ginecologista e obstetra, graduado pela Faculdade de Medicina de Jundiaí em 1986, com residência médica em ginecologia e obstetrícia na Maternidade de Campinas, de 1987 até 1989.

“Durante o internato, 5º e 6º anos da faculdade, fui plantonista nas Maternidades do Imirim e da Vila Carrão, ambas em São Paulo. Fiz Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia na Maternidade de Campinas, pois cada parto que realizo, sinto a mão de Deus sobre a humanidade. O milagre da vida é realmente maravilhoso e emocionante!”, destacou.

Herbert contou que começou a despertar interesse pela Medicina ainda criança, quando ia consultar justamente com o Dr. Teixeira, que era o médico de sua família, hoje seu sogro. “Enquanto aguardava minha vez para ser atendido percebia que outras crianças e mesmo adultos aguardavam sua vez ao meu lado, também sofrendo com suas dores”. Meu pensamento era que se eu fosse médico, poderia ajudar aquelas pessoas, aliviando seus sofrimentos, inclusive o meu. Durante meus estudos na Faculdade de Medicina, nas férias escolares, frequentava o Hospital São Vicente, acompanhando sempre o Dr. Teixeira, inclusive até mesmo participando de cirurgias ginecológicas, partos e cesarianas.

O ginecologista e obstetra é o único médico de sua família e sente-se honrado em atualmente poder partilhar da experiência e conhecimento dos médicos familiares da esposa, Marinice. “Tive o prazer de conhecer e conviver com o Dr. Jacó Franchi, avô dela. Sempre o admirei muito, tanto pela sua história de vida, mas principalmente pela valentia em cursar Medicina nos anos 1928 e conseguir exercê-la brilhantemente sem recursos, numa pequena comunidade chamada Sapecado. Meu sogro, Dr. Teixeira, por quem sempre tive muita admiração desde a infância, como disse o considero mestre e mentor. Depois de mim, veio mais um médico para nossa família: o Beto, meu cunhado, que considero um médico brilhante... um cientista! Nossas conversas acabaram estimulando dois de nossos filhos a seguirem a medicina. Trabalhar com todos eles é uma troca de conhecimentos, compartilhamento de pacientes e um engrandecimento contínuo de nossos relacionamentos. Entretanto, como a Medicina está bastante ligada à tecnologia, o consultor familiar e orientador é nosso terceiro filho, Mauro, que desempenha essa função com uma inteligência e dedicação ímpares. Vivemos a medicina e a tecnologia em família”, observou Herbert.




Dr. Antônio Roberto Franchi Teixeira, médico especialista em Fígado e Pâncreas (cirurgia e transplante). Ele é o primogênito de Dr. Teixeira e dona Therezinha Franchi Teixeira e graduou-se em Medicina pela Unicamp, onde também fez sua residência médica. A especialização em transplante de fígado e doenças do pâncreas, aconteceu em 1995, quando Roberto foi para a Europa e concluiu os cursos na Espanha e Inglaterra, pois à época não havia esse tipo de especialização no Brasil

Roberto participou e participa ativamente de estudos e pesquisas que envolvem o tratamento de ambos órgãos e em 2000 foi um dos fundadores do Colégio Brasileiro de Cirurgia de Fígado e Pâncreas e do Instituto do Fígado de Campinas. O primeiro transplante que realizou ocorreu em 2003 no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. “Lá tive a honra de trabalhar junto ao médico Marcel Cerqueira César Machado, que realizou o 1º transplante de fígado no Brasil, em 1968. Sem dúvida um dos grandes exemplos na área para mim”.

Hoje, Roberto trabalha no Instituto do Fígado, no Hospital Vera Cruze no Hospital Centro Médico, todos em Campinas, promovendo o diagnóstico, acompanhamento e o tratamento das doenças do fígado e do pâncreas. Até o momento, Dr. Roberto já participou de cerca de 600 transplantes de fígado.

Embora o médico se dedique atualmente à assistência médica, Roberto atuou durante 20 anos na docência e também na pesquisa. “Aliás, acredito que esse seja o tripé da Medicina: a docência, que ensina; a assistência, que cuida; e a pesquisa que promove os avanços ao desenvolvimento da profissão”.

Roberto tem duas filhas e uma delas, Elisa, pretende seguir os passos do bisavô, do avô e do pai na Medicina. Porém, ele não é daqueles médicos que ‘romantiza’ a profissão. “Medicina é uma profissão difícil de se desenvolver, principalmente nestes últimos anos em que foi muito desvalorizada, inclusive na área Pública. Exige dedicação, mas não é e não deveria ser tudo na vida de um médico. Ela, como qualquer outra profissão, deve fazer parte de um conjunto harmônico e os profissionais precisam entender que, além dela, é possível e é preciso desenvolver outras habilidades, outros hobbys, outras atividades até mesmo para que possam desenvolvê-la mais plenamente”, observou.

E, para aqueles que imaginam que a Medicina é uma profissão de retorno financeiro fácil, se enganam. “Após concluir a graduação estudei mais uns 12 anos, ou seja, 18 anos dedicados aos estudos, entre pós-graduação, mestrado e doutorado e eu sabia que o retorno financeiro não seria da noite para o dia. O problema é que muitos jovens estudante de medicina são imediatistas. Não entendem que para se estabilizar nesta profissão é preciso, primeiro, ter dom, vocação e dedicação. O retorno financeiro é consequência da persistência, conhecimento e aprimoramento. E é isso que as faculdades de Medicina atuais deveriam ensinar ou desmistificar: que a profissão não é esse romantismo todo e que ela não precisa ocupar as 24 horas da vida do médico”.

Roberto definiu a Medicina como a arte de aprender, conversar, ouvir, diagnosticar e tratar os pacientes. “É uma profissão muito especial porque podemos ajudar muita gente e assim ela sempre será”.

Sobre o que o saudoso avô, Dr. Jacó e o pai, Dr. Teixeira, representam em sua vida, Roberto destacou que ambos são grandes ídolos e que o pai se tornou um parceiro e um colega de profissão. “Uma das grandes lições que aprendi com meu pai é que nada supera o trabalho. Nenhum obstáculo na Medicina é capaz de te atingir se você se dedicar ao trabalho, constante e perseverante”, concluiu.




Roberto Franchi Teixeira Andreghetto é médico graduado pela Universidade Cidade de São Paulo (UNICID – SP); Ginecologista e Obstetra formado no Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros (HMLMB – SP). Roberto cresceu em um ambiente clinico e hospitalar e, apesar disso, procurou saber mais sobre outras profissões, porém, a Medicina também o conquistou.

“A Medicina foi amor logo a primeira vista; hoje não me vejo fazendo outra coisa. Confesso que já entrei na faculdade pensando em fazer Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia; influencia paterna e do avô? Talvez sim... fato é que procurei me aprofundar em outras especialidades, mas nada me chamava mais a atenção que a GO. Creio que já estava no DNA”, destacou Roberto.

Mas, ele sabe exatamente que ser médico vai muito além da cura, que, por vezes não acontece, e é preciso saber lidar com situações difíceis no cotidiano, talvez mais ainda do que a maioria das demais profissões. “Grandes poderes trazem grandes responsabilidades”: A Medicina pode, no mesmo dia, te colocar no céu e no inferno. Ajudar ao próximo, acompanhar a evolução do tratamento e ver o sorriso no rosto do paciente após tudo é o que mais me reconforta. Passar uma noticia ruim, um diagnóstico desfavorável/irreversível ou até mesmo ver que os tratamentos não levam a cura/melhora do paciente me deixam por vezes sem dormir”, observou.

Assim como todos os demais médicos da família, Roberto, também tem uma grande admiração pelo avô, Dr. Teixeira, não apenas na Medicina. “

O ‘Vô’ sempre foi um dos grandes pilares da minha vida. Sabe aquela pessoa que sempre tem alguma coisa pra dizer, mostrar e ensinar? Ele é mais do que isso, uma aula em pessoa. Creio que grande parte de minhas inspirações não só para a Medicina, mas também para vida, tenha a influencia dele. Mais do que um avô, que está sempre ali, cuidando de nós todos, nos dando bolachas, sorvetes e aqueles docinhos de padaria, vejo Dr. Teixeira como um mestre, um professor particular de tudo, em todos os momentos! Não são raras as vezes que paramos na cozinha da clínica ou nos almoços de fim de semana para discutir (eu, obviamente mais ouvindo do que falando) casos, acontecimentos, politica, agrobusiness e, pasmem, “Curintia x Parmera”, disse.

Sobre o futuro, Roberto afirmou que não costuma fazer grandes planos “Gosto de viver cada dia, cada momento intensamente, com minha família, meus amigos, meu trabalho e meus doguinhos; ter filhos, netos e quiça, bisnetos... Mas, se fosse obrigado a responder quais meus planos futuros, poderia simplesmente dizer: “quando eu crescer, quero ser igual ao Dr. Teixeira”, finalizou.

Herbert Franchi Teixeira Andreghetto, médico radiologista, formado pela Faculdade de Medicina de Jundiaí - FMJ (2012-2017), Médico Residente do terceiro ano (R3) de Radiologia e Diagnóstico por Imagem no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo - IAMSPE (2018-2021).

Ele é o segundo neto de Dr. Teixeira, filho de Marinice e do Dr. Herbert Andreghetto e destacou que tanto o avô, quanto o pai o influenciaram à escolha da medicina, mas de uma forma positiva. “Eu olhava para ambos trabalhando e via em cada um o que eu queria para mim como profissional: médicos competentes e, acima de tudo, que se importam com as pessoas de verdade”, disse.

Sobre a opção pela Radiologia, Herbert destacou que sempre gostou muito da complexidade da Medicina, principalmente a diagnóstica. “E encontrei nesta área uma forma de englobar diferentes áreas médicas em uma só, já que ela me permite trabalhar em cada uma”.

Muito dedicado aos estudos, o médico está concluindo a especialização em Radiologia e Diagnóstico por Imagem e pretende se especializar também em Neuroradiologia.

Herbert, que atualmente reside em São Paulo, não descarta a possibilidade de voltar a São José. “Assim que concluir minhas especializações gostaria muito de vir para cá e atuar junto a meu pai, avô, irmão e cunhada. Será uma grande satisfação saber que contribuirei com a clínica e com inúmeros pacientes por meio da Radiologia”.

Questionado sobre o que o avô e o pai representam a ele na profissão, Herbert resumiu em ‘inspiração’. “Ambos exercem a Medicina que eu quero exercer que é fazer o bem sem olhar a quem. Usar do conhecimento que possuo para ajudar ao próximo. Eles são e sempre serão meus maiores exemplos da profissão.



Dra. Leticia de Araujo Franco Andreghetto é graduada em Medicina pelo Centro Universitário de Volta Redonda - UniFoa (2014), com Residência Médica em Pediatria pelo Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio - Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo (2015 a 2017) e Residência Médica em Neonatologia pelo Hospital Municipal e Maternidade Escola de Vila Nova Cachoeirinha - São Paulo (2017 a 2019).

Ela destacou que a escolha pela Medicina foi acontecendo aos poucos, por influência de alguns familiares. “Alguns tios e primos que já eram médicos. Não fui aquela criança que sonhava em ser médica. O sonho foi sendo construído com o tempo, decidi durante a adolescência. Optei pela Pediatria já no final do curso, na época do internato, que são os semestres mais práticos. Cheguei a pensar em várias outras especialidades. Mas quando fiz o internato me encantei pelas crianças, e sempre amei cuidar dos bebês. Sala de parto então, sempre foi paixão desde o primeiro dia”, contou.

E, em como todas as áreas da Medicina, a Pediatria também tem seu lado bom e ruim.

“O melhor, sem dúvidas é receber o carinho das crianças, o reconhecimento por parte das famílias. Lidar diariamente com crianças é muito prazeroso, o sorriso deles me encanta. Já o pior, não diria que é o pior, mas exigência de estar sempre disponível é algo que as vezes gera muito esgotamento, cansaço físico e mental. Mas o pior, sem dúvida, apesar de raras, são as perdas. Perder uma criança é muito doloroso, tanto para a família quanto para mim como profissional”, observou a pediatra.

Sobre o convívio com Dr. Teixeira, Letícia destacou que além de uma referência na Medicina, ele também o é como pessoa, pai e avô. “Ele é demais. Muito presente, carinhoso, cuidadoso. Sempre aprendi muito com ele. Desde quando o conheci. Em relação a Medicina, ele me ensina que não devemos parar nunca, pois médico jamais pode parar de estudar. As vezes até me envergonho de chegar na casa dele e ver ele vendo artigos super atuais em Inglês, de assuntos que eu ainda nem soube da última atualização, mas ele sempre sabe. Ele sabe muito. E entende de várias áreas da Medicina, não somente a que lida diariamente. Esta sempre querendo discutir os casos dos pacientes com nós que somos mais novos, e sempre respeita nossa opinião como médicos mais novos e de outras áreas. Além da Medicina, nos ensina muito sobre finanças, uma área que também domina bastante”, afirmou.

Com relação ao futuro profissional, a pediatra, que atualmente atua junto aos demais médicos da família na Clínica Prognosys, pretende continuar investindo na aquisição de novos conhecimentos voltados à área da Pediatria Preventiva. “Prevenir é sempre o melhor caminho. Hoje mais do que nunca a Pediatria tem mudado muito, e os novos rumos são todos voltados para isso: ações de promoção da saúde e prevenção de doenças desde a Gestação, pois antes mesmo da criança nascer já podemos fazer muito por ela. Em um futuro muito breve, o bom Pediatra será aquele que saiba fazer exatamente isso. Que saiba promover a saúde, prevenir, e não somente saiba tratar a doença depois que ela já surgiu. Pretendo também continuar investindo nas minhas mídias sociais. As redes sociais hoje é o canal que me aproxima das famílias. Mesmo aqueles que não são meus pacientes, muitos acabam se tornando. E é exatamente através disso que tenho expandido minha área de atuação até mesmo para outras cidades”, concluiu.



Mauro Franchi Teixeira Andreghetto - Ele é o médico da tecnologia, ou melhor da nanotecnologia. “Mauro cuida da saúde dos nossos celulares. É muito capacitado e de uma inteligência fora do comum. O auxílio dele nessa questão tecnológica para todos nós faz toda a diferença em nosso trabalho”, observou Dr. Teixeira.

E Mauro também tem uma admiração e carinho especial pelos irmãos de médicos da família. “Acho que todos trouxeram para a minha profissão essa questão do cuidar, porém, eu não cuido de pessoas, mas de celulares, que hoje se tornou quase um membro da família”, destacou Mauro.

Sobre o avô, Mauro o definiu como um ser humano notável. “Não teria nem palavras para descrevê-lo. É uma pessoa que entende as pessoas, uma espécie de psicólogo, além de médico. Tem um coração bom e muito grande. Além disso, na Medicina, sua experiência é ímpar e, muitas vezes, só de ‘bater o olho’ na pessoa já sabe o que ela tem”, disse.



Dr. Antônio Teixeira Filho: ele foi uma criança feliz que, pasmem, não gostava muito de estudar. “Eu queria mesmo era ser boiadeiro, viver solto, já que nasci em Divinolândia, no “Sapecado”, como chamavam. Tive uma infância feliz e confesso que minha mãe foi grande incentivadora aos estudos. Ela era uma boa mãe, me fazia estudar e enxergar o futuro através dele. Tanto que para ingressar no chamado ‘ginásio’, tinha que ter 11 anos e como fazia aniversário em agosto minha mãe me matriculou novamente na 4ª série para não ficar para trás e no outro ano fazer a 5ª série, pois eu estava muito adiantado!”, contou.

A matrícula na sonhada Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro, carinhosamente chamada de “Feneme”, aconteceu em 1959 e a formatura em 1964. Antes de ingressar na Faculdade, Dr. Teixeira fez cursinho em São Paulo, onde morou em pensões e trabalhou na Secretaria de Saúde Estadual (RJ). Nos últimos anos do curso de Medicina passou pela Maternidade Escola, Hospital dos Marítimos, Hospital de Niterói, inclusive em Prontos Socorros. A vinda para São José do Rio Pardo foi em 1964, quando Teixeira e dona Terezinha já eram pais da pequena Marinice. “A escolha por Rio Pardo foi porque meus pais moravam em Divinolândia e meu sogro também, e São José era próximo. Conversando com médicos daqui, eles aceitaram prontamente a minha vinda. Depois disso, procurei uma casa para alugar e fazer meu consultório. Essa casa é onde atualmente funciona um brechó, à frente do Cine Colombo. Em um domingo à noite eis que chega um táxi daqui de São José. Era o Sr. Missura. Ele disse que queria falar comigo... Se espantou quando me viu, talvez pela minha jovialidade: tinha uns 26 anos! Relatou que havia acontecido um acidente em São José e que o Dr. Joao Batista mandou me chamar. Chegando ao hospital, naquela época a porta ficava cheia de gente, muitos curiosos inclusive, principalmente naquela ocasião em que havia um acidente com cinco pessoas feridas, que foram tratadas e operadas. E aí comecei meu trabalho em São José. Atendia de tudo: desde criança com diarreia, infartado, apendicite, tiro na barriga, pré natal, etc... A experiência em diversas áreas médicas me possibilitou esses atendimentos. E digo uma coisa: devo muito aos médicos que trabalharam aqui, entre eles o Dr. João, Dr. Nejeh, João Rocha, Benedito, enfim.

Dr. Teixeira define a Medicina como um trabalho manual. “Médico precisa tocar seu paciente, senti-lo com as mãos e com a alma. Precisa haver sempre essa proximidade com o paciente. O médico tem que saber o nome do seu paciente, olhar na cara dele e, acima de tudo, saber ouvir o paciente, pois, na grande maioria das vezes é ele quem dá o diagnóstico. Em inúmeras situações, o médico cuidará muito além da doença física, mas ajudará também na saúde mental do paciente. Por isso é tão imporante o médico ter tempo para escutar o que o paciente diz, saber interpretar o que ele sente”.



“TODO MÉDICO PRECISA SABER SEU LIMITE E A HORA DE RECEBER AUXÍLIO”

Com mais de 50 anos de profissão, Dr. Teixeira está, digamos, ‘tirando o pé do acelerador’. “Todo médico precisa saber seu limite e a hora de pedir auxílio. Aqui somos uma equipe. Tenho a honra de aprender com cada um dos demais três médicos que aqui atuam junto a mim, sendo o Dr. Herbert, que sempre digo que foi um presente ele ter se casado com a Marinice tamanha sua dedicação à profissão, inclusive trazendo muita inovação tecnológica à clínica. Agora também conto com o apoio do Dr. Roberto, meu neto, que me apóia fisicamente e socialmente, sendo que muitos pacientes que eram meus ele já cuida e com muita competência. Já a Dra. Letícia, sua esposa, é uma inovadora, estudiosa e que veio a complementar-nos com sua dedicação à Pediatria e à Neonatologia, que desempenha com maestria”, destacou.

E o apoio familiar e profissional não acontece apenas em São José. “Meu filho, Roberto, é aquele que nos auxilia nas dificuldades que temos aqui e nos abre caminhos para, muitas vezes, fazer essa ponte entre especialistas nacionais e internacionais devido seu amplo conhecimento e boas relações com seus colegas de profissão aqui no Brasil e no exterior. E, além dele, também já contamos com o apoio do Dr. Herbert Franchi Teixeira Andreghetto, meu segundo neto, que costumo dizer que é o consultor da família e sua competência será ainda mais aproveitada quando estiver aqui conosco na área da Radiologia.

Teixeira ainda mencionou com carinho a nora, Ana, que é dentista e atualmente trabalha no Centro de Otorrinolaringologia da Unicamp, da neta Elisa, que está se preparando para cursar Medicina, da neta Larissa que é mais questionadora e expert em idiomas e esportes e o neto Mauro, o ‘mais tecnológico da família’ e que ‘opera’ como ninguém a tecnologia.

“E tudo isso sob o comando da competentíssima dona Terezinha que até hoje o que ela fala é lei para todos nós”, mencionou, carinhosamente, à esposa.



“AO DR. TEIXEIRA, NOSSA GRATIDÃO”

“É difícil definir alguém tão especial quanto o senhor, Dr. Antônio Teixeira Filho, aliás, não há definição. O que podemos dizer que, nestes mais de 50 anos dedicados à Associação Paulista de Medicina, o doutor, que inclusive já a presidiu, contribuiu de forma contundente e expressiva para com a entidade, inclusive fazendo com que a própria sociedade a conhecesse, utilizando-a como instrumento de formação e informação.

Sonhador, o jovem Teixeira saiu de Divinolândia para fazer faculdade no Rio de Janeiro. A vida dura de estudante, os inúmeros obstáculos contornados e a experiência em diversos locais onde exerceu com dignidade e respeito a Medicina o tornou o profissional que é hoje e que todos nós nos espelhamos e o temos como exemplo, principalmente de compaixão ao próximo.

Já dizia o próprio doutor: “Ouça o seu paciente. Preste atenção na sua história, pois, muitas vezes, é ele quem lhe dá o diagnóstico”.

Essa proximidade com os pacientes, que se torna até grandes amizades, fez e faz do doutor uma das pessoas mais queridas pelos rio-pardenses, seja pela exímio prática médica, seja pelo acolhimento, carinho e atenção sempre dispensados a homens, mulheres, idosos, crianças...

Hoje, a palavra de todos nós aqui presentes ao senhor, doutor Teixeira, é Gratidão! Muito obrigado por compartilhar conosco sua sabedoria e sua experiência. Que possamos partilha-la durante muitos e muitos anos...




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